Para debater a importância do grafite para a mudança da imagem do Setor Comercial Sul (SCS) foi realizado na última quarta-feira, 23/10, no Museu dos Correios, o Painel Grafite-se: a cultura de ocupação dos espaços públicos através da arte urbana.
A administradora do Plano Piloto, Ilka Teodoro foi uma das palestrantes do encontro, realizado pelo coletivo NoSetor com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) e da Administração Regional do Plano Piloto.
O painel teve como tema a valorização, difusão, produção e transmissão de conhecimentos e saberes. Além disso, a defesa do grafite e da arte urbana como pilares de desenvolvimento socioeconômico e indutor da economia criativa no Distrito Federal.
Homenagem
Ian Viana, do Coletivo NoSetor, fez a abertura do painel com uma homenagem a Alessandro Wener, colaborador do coletivo, que estava em situação de rua no SCS e faleceu no sábado anterior ao evento. “Ele deixou um legado de muitos momentos de felicidade”, disse. Segundo Ian, o coletivo busca incluir os moradores como parceiros de seus projetos reconhecendo-os como ocupantes originais do espaço.
Após a homenagem, Ian contou que o painel Grafite-se faz parte de uma programação com vários debates antes do Encontro de Grafite 2019 que acontecerá no próximo fim de semana nos dias 2 e 3 de novembro, onde 60 grafiteiros registrarão suas artes nas paredes do Buraco do Rato no Setor Comercial Sul.
“Estamos nesse momento de reflexão para pensar quais serão os próximos passos depois do espaço esteticamente modificado”, explicou Ian.
Giovana Ribeiro, assessora técnica da Subsecretaria de Economia Criativa da Secec, representou a subsecretária de Economia Criativa Érica Lewis e agradeceu o público presente no debate. “Desde o início do processo contamos com parcerias fundamentais para que o encontro pudesse acontecer”, disse.
Fernanda Messias doutoranda em arquitetura e urbanismo com o tema cidades criativas disse que o Setor Comercial Sul é um espaço subjugado no centro da cidade e que era mesmo necessário repensar o espaço, criado para ser um polo comercial, nessa era do e-commerce. “O Setor Comercial é um espaço que possui públicos muitos heterogêneos, precisamos pensar sobre as pessoas que frequentam esse espaço e seus usos ”, afirmou. “Que cidade a gente quer? ”, questionou.
A grafiteira Juliana Borgê contou um pouco da história do grafite que surgiu na década de 1970, em Nova Iorque, e mostrou preocupação a respeito dos registros já existentes no Buraco do Rato. “O espaço do grafite é conquistado e empossado, cada espaço tem um histórico que precisa ser respeitado”, disse. Juliana sugeriu que seja feita uma carta aberta aos grafiteiros que ainda possuem artes no local.
Tamires Flora, que também é grafiteira, falou sobre os debates antecedentes à publicação do decreto 39.174/2018, que institui a Política de Valorização do Grafite. Para ela “essa legislação legitimou o grafite como arte no DF”, disse. Sobre o SCS, Tamires acredita que é um lugar “frequentado em sua maioria por trabalhadores e é um espaço cultural que fala com as pessoas”, afirmou.
Janaína André, artista visual e produtora cultural trabalha com intervenções urbanas no Distrito Federal e Entorno e apresentou o projeto Mapa Gentil que busca estimular um olhar criativo sobre o DF e Entorno por meio de diversas linguagens artísticas. O grafite, o stencil, a pintura, a palavra e a poesia são ferramentas usadas para criar instalações e performances em variados cenários urbanos. “O espaço público é a extensão da nossa casa, buscamos trabalhar a noção de pertencimento por meio da arte urbana com o conceito de gentileza”, explicou.
Ilka Teodoro disse que participar do painel foi uma oportunidade de aprendizado ao ouvir as palestrantes, grafiteiras e grafiteiros presentes. A administradora acredita que pequenos projetos, como o de requalificação do Buraco do Rato no Setor Comercial Sul, por meio da arte tem o poder de transformar toda a dinâmica do espaço. “Essa função como administradora também é essa de ouvir as demandas dos territórios para ver o que é preciso fazer e o que é preciso apoiar para construir de forma coletiva as soluções”, finalizou.
Texto: Ramíla Moura/ASCOM – Administração do Plano Piloto
Fotos: Emanuelle Sena/ASCOM – Administração do Plano Piloto
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